quarta-feira, 3 de outubro de 2007

História da Terra

Fósseis: registro geológico da história da vida da Terra Ismar de Souza Carvalho1 Expectativa, perplexidade e êxtase. Estas são as principais sensações de todo paleontólogo com seus objetos de estudo – os fósseis. Expectativa pela descoberta do novo, do revolucionário, das evidências e de tudo aquilo que leva à transformação das idéias, dos conceitos, e que possibilita a formulação de novas hipóteses. Perplexidade, pela total surpresa com o achado inesperado e inédito ou, então, por nenhuma nova descoberta. E êxtase, pela percepção e pela compreensão de outros mundos, de outros tempos e da busca incansável pelo significado da existência. Sensações sempre renovadas a cada novo fóssil encontrado. A Paleontologia, ciência dedicada ao estudo dos diferentes organismos que habitaram a Terra no transcorrer do tempo geológico, mostra-se como uma área de conhecimento diversificada e com diferentes interfaces com outras ciências. Envolve assim, conhecimentos advindos da Biologia, Geociências, Física, Química e Matemática que, conjugadas, possibilitam uma compreensão integrada dos eventos e fenômenos que possibilitaram as transformações ambientais e da biota durante a história geológica de nosso planeta. Os fósseis Os fósseis registram organismos ou partes de organismos que viveram em épocas geológicas passadas. Podem corresponder a restos, os quais consistem geralmente da parte dura dos organismos, como, por exemplo, conchas, ossos, dentes, ou mesmo as partes moles, preservadas em condições excepcionais, nas quais a pele, os músculos, os vasos sanguíneos também são preservadas. Um fóssil é o registro de um antigo elemento da biosfera, o qual passou a se integrar à litosfera. Há vários mecanismos de preservação das partes duras, que são, geralmente, partes biomineralizadas dos organismos – como as conchas dos moluscos, carapaças dos equinóides ou os ossos dos vertebrados – sendo os principais: a incrustação, a permineralização, a recristalização, a substituição e incarbonização. Já as partes moles podem ser preservadas por processos de mumificação (geralmente associado à desidratação), de congelamento e de aprisionamento em resinas vegetais (que, quando fossilizadas, são designadas como âmbar). Todavia, tanto as partes moles quanto às partes duras devem ter um rápido processo de soterramento, estarem sujeitas à baixa ação de bactérias e, preferencialmente, o ambiente deve ter condições anaeróbicas. Os icnofósseis Os icnofósseis compreendem outro tipo de registro da existência dos organismos na história geológica da Terra. Representam o documentário da atividade fisiológica de animais e plantas, tais como as pegadas, fezes (coprólitos), ninhos, marcas de raízes, ou qualquer outro tipo de registro deixado quando o animal ainda se encontrava em vida. Como exemplo de icnofósseis, podemos citar as pegadas de dinossauros, as quais foram produzidas quando estes animais, ainda vivos, deslocavam-se sobre a superfície de nosso planeta. Porém, quando morreram, seus ossos, se preservados, serão considerados como fósseis. Documentário Paleontológico (1) Desde o surgimento da vida na Terra, as adaptações, transformações e inovações demonstradas pelos organismos evidenciam-nos fenômenos e uma temporalidade que em muito transcende a dimensão da existência humana. São diversos grupos que existiram nos últimos 3,8 bilhões de anis, compreendendo uma ampla variedade de bactérias, fungos, protozoários, animais e vegetais. A Paleontologia tem, assim, uma grande multiplicidade de elementos paleobiólogicos para o entendimento da origem e da evolução da vida na Terra. Estes podem ser de natureza microscópica, como é o caso dos polens, esporos e microfósseis (foraminíferos, radiolários, nanofósseis, diatomáceas, ostracodes), ou macroscópica, que engloba fósseis de invertebrados, vertebrados e vegetais. Através da Paleontologia, podem também ser abordados tremas como as teorias evolutivas, causas das extinções, paleoecologia, paleobiogeografia e a origem das formas mais primitivas de vida Teorias Evolutivas e os Fósseis A formulação dos primeiros conceitos de origem e evolução das espécies, com base em critérios científicos bem estabelecidos, deve-se a Charles Darwin (1809-1882). Ele publicou, em 1859, sua importante obra A Origem das Espécies. Darwin baseou seus estudos na observação dos ambientes, da flora e da fauna atual, bem como no registro fossilífero. Durante cinco anos viajou através da América do Sul, coletando dados, amostras e observando aspectos relacionados à geologia, paleontologia e biota recente, Pôde, assim, formular um conjunto de idéias que revolucionaria a percepção do significado da presença humana sobre a Terra. A partir dos conceitos da variação dos indivíduos sob condições naturais, a luta pela vida, a seleção natural e a sobrevivência do mais apto, Charles Darwin demonstrou muitos dos processos atuantes no transcorrer da evolução, tais como a modificação das espécies e os eventos de extinção.

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